Surgiu de uma ideia germinada e posta em prática numa Aldeia de Crianças S.O.S por duas pessoas que verificaram, na articulação entre um gabinete de Psicologia e ateliês de Cerâmica e de Jornalismo nos tempos livres, um aumento no rendimento intelectual das crianças e dos jovens que os frequentavam.
Transposta a ideia em projecto para Moimenta da Beira foi o mesmo confiado a entidades com responsabilidades sociais e culturais: a Câmara Municipal disponibilizou instalações e a Associação Cultural e Recreativa de Moimenta da Beira enquadrou-o nas suas actividades. O então Projecto Vida considerou-o “Prevenção Primária” e passou a apoiá-lo financeiramente, já que tinha como objectivo “exercitar a imaginação e a criatividade das crianças, de forma a diminuir o insucesso escolar, bem como criar condições de reabilitação e inserção social”.
É de sublinhar, contudo e neste último aspecto, que o projecto original se destinava não só a crianças, mas também e, explicitamente, a jovens, adultos e idosos, assegurando igualdade de oportunidades, na base de uma ideia simples: a de ser um espaço em que qualquer pessoa poderia fazer uso das suas competências próprias, fossem elas quais fossem, para se exprimir, conseguindo, deste modo, o reconhecimento e o respeito pela sua pessoa, independentemente das suas características específicas, assim valorizadas. A denominação de “Atelier”, continua, aliás, portadora desse sentido
Da sua articulação com a Família e a Escola e do crescente número de aderentes à sua filosofia que continua a ver, nessa estratégia, “o desenvolvimento harmonioso do indivíduo e o equilíbrio social determinar-se e reforçar-se mutuamente” adveio-lhe a dinâmica indispensável para a sua transformação, automatizando-a em Associação de Solidariedade.
Assim, foi naturalmente a pensar nas pessoas mais frágeis da região nordeste do distrito de Viseu, interior rural empobrecido e envelhecido por décadas de emigração da sua força de trabalho, que se instituiu em 09/11/1994, na vila e concelho de Moimenta da Beira, Artenave Atelier - Associação de Solidariedade.
Logo em 1995, os seus fundadores e os serviços sociais do Município da sua sede, organizaram e, através deste, apresentaram ao Comissariado Regional do Norte do Programa de Luta Contra a Pobreza, um projecto de intervenção comunitária que designaram de “Programa Integrado de Intervenção Comunitária ARCO DA VELHA”.
Aprovado, foi gerido pela própria Artenave, em parceria com entidades privadas e serviços públicos locais e regionais, tendo realizado, entre 01/10/1996 e 31/12/1999, a maioria das 10 acções nele previstas.
Do impacto desta iniciativa, resultou uma clara dinamização do tecido associativo local que se organizou para assumir a continuidade das respostas que a instituição iniciara com o Programa. Foi o caso das cantinas e dos centros de ATL junto das Escolas do 1º ciclo, nas freguesias mais populosas do concelho que permaneceram, desde então, enquadradas nas associações locais, enquanto Artenave, por sua vez, mantinha as mesmas, na vila, mas assegurava, também, respostas mais específicas e transversais à região, designadamente as que se destinavam a pessoas com deficiência, numa clara igualdade de oportunidades para estes, independentemente do seu concelho de origem.
Está neste caso a Formação Profissional para Pessoas com Deficiência que mantém desde 1997, a partir de 2007 no âmbito da Tipologia 6.2 do POPH, depois de o ter feito no quadro do Programa Constelação (POEFDS, 2000/2006) e Medida 3 (INTERAR, 1997/99).
Se do “ARCO DA VELHA” “herdou” esta Formação, agora designada Qualificação Profissional, com a evolução desta mesma resposta e da sua abrangência regional, Artenave organizou, ainda, nestes quase 12 anos de actividade:
- Duas empresas de inserção para prestação de serviços (agropecuária e jardinagem, desde 2000 e serviços domésticos, desde 2007) integrando alguns dos formandos que concluíram a Formação com aproveitamento, já que nem todos conseguem ingresso profissional no mercado normal de trabalho.
- Um Lar Residencial que começou, em 2001, por acolher formandos dos concelhos limítrofes que, de segunda a sexta-feira, têm que permanecer na instituição por falta de transportes públicos para casa e que, em 2005, ao abrigo do acordo com a Segurança Social, acabou por acolher também não formandos e ex-formandos que não só não foram profissionalmente integrados como não dispõem de retaguarda familiar.
- Um CAO (Centro de Actividades Ocupacionais), também com acordo de cooperação, celebrado com a Segurança Social em Outubro de 2003, para estes últimos e para outros que, dadas as suas características pessoais, de deficiência ou incapacidades, nem para a Formação chegam a ter perfil.
Evidencia-se, assim, que as respostas evoluíram e foram sendo organizadas uma após outra, consoante as necessidades que a realização da precedente ia identificando, num processo dinâmico e constantemente inovador que confirma, por si mesmo, a bondade das respostas e o acerto da sua organização a partir de sinais que identificam problemas e aconselham solução, mesmo sabendo que, com esta encontrada, nova necessidade será levantada.
Em paralelo à coerência desta síntese e da pertinência das respostas sociais referidas até na sua evolução, sublinhe-se o facto de a parceria ter sido estratégia de partida numa cultura que a instituição tem cultivado e que mantém, por acreditar na solidez do seu contributo para o benefício de todos os interessados.
Depois desta breve exposição histórica da instituição, pois muito mais haveria a dizer, apresenta-se agora a Missão, Visão , Valores da instituição e Política da Qualidade, aspectos que foram trabalhados no Conselho da Qualidade. Para se aproveitar melhor o tempo cada um dos pontos acima referidos foram inicialmente reflectidos e apresentados individualmente.